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Poezii Rom穗esti - Romanian Poetry

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Poemas selecionados
poetry [ ]

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by [joaofelintoneto ]

2010-12-12  | [This text should be read in portugues]    | 



APELO À MISテ嘘IA

Quem me dera, misテゥria,
eu fosse parte
de um baluarte de sonho e de quimera.
Pela boca mantテゥm-se assim o povo,
a lavagem テゥ a comida que a si, dera.
Na vergonha de reconhecer-se porco,
ter o rosto metido na sujeira,
enlameado atrテ。s de uma porteira
seu anseio テゥ mantido na espera.

Quem me dera, misテゥria,
eu me calasse
e ocultasse o meu rosto na janela.
Meus princテュpios mantêm-me assim exposto.
Sou mau gosto travado na goela.
Quem engole as palavras que eu digo
traz de volta a vontade de lutar,
elas tocam a ferida no umbigo
que o conformismo jテ。 ia cicatrizar.

Quem me dera, misテゥria,
quem me dera,
que de ti eu pudesse me livrar.


PERSONAGENS INFANTIS

Serテ。 que o lobo テゥ tトバ mal.
O lobo ama tambテゥm.
Ele protege os filhotes que tem.
Caテァar, para ele テゥ natural.

A chapeuzinho, talvez,
quando crescer seja outra.
Se torne uma megera
que nトバ gosta de crianテァa
e perca toda a esperanテァa
de voltar ao que era.

O caテァador, o herテウi tトバ valente
que salvou a vovozinha,
costuma matar friamente a fêmea,
deixando a cria sozinha.
Ele acabou sendo preso
por caテァar ilegalmente.

A vovozinha morreu.
Pois, a idade a levou.
Mas, quantas vezes brigou com a vizinha da frente.
Isso prova que a bondade e a maldade,
na verdade,
sトバ apenas uma histテウria diferente.


O POEMA QUE EU DEIXEI DE ESCREVER

O poema que eu deixei de escrever,
Falaria de você,
De nosso tempo,
De angテコstia, de tormento,
De alegria e de prazer.
Iria contradizer
Cada palavra
Que as nossas falas
Tinham pouco a dizer.

O poema que eu deixei de escrever,
Seria na verdade,
Uma ameaテァa.
Calaria minha boca,
Qual mordaテァa.
Nトバ seria uma desgraテァa,
Por nトバ ser.
Os meus versos,
Talvez fossem sem querer,
Uma ofensa
A sua crenテァa,
Que eu acreditava
Ter.

O poema que eu deixei de escrever,
Nトバ seria
De valia.
Sem valia,
O deixei de escrever.


SEPULTAMENTO

Os meus olhos pregados
no infinito
como os pregos nas tテ。buas
cravejados,
e de pontas viradas,
redobrados,
sustentados e fixos
numa curva.
No aconchego da madeira macia,
minhas costas
nos ossos da bacia
consolam meu corpo
tトバ curvado.
Pelo tempo que tenho acumulado,
a ferrugem do mundo
me comeu,
e a tampa que pregam
me prendeu
para sempre num rito consumado.
Por debaixo da terra
condenado
a ser parte da mesma
e nトバ ser eu.


CANTO DE SEREIA

Como um canto de sereia
de belテュssima harmonia,
letra correta, verdadeira poesia
e melodia
que eterniza nossa alma.
Por onde anda
a sereia encantada
nas profundezas desse mar de ignorテ「ncia?
Letra incorreta com falta de concordテ「ncia
e melodia
que nos faz perder a calma.
Sテウ na lembranテァa,
o teu canto nos enleva
na emoテァトバ que tua voz nos faz sentir
e na saudade, o nosso coraテァトバ desperta
pra realidade,
nトバ hテ。 nada mais pra ouvir.


PEDESTAL DE BARRO

Revogo silêncio
ante palavra e voz.
Reato os nテウs
que me prendem ao medo.
Reavivo memテウrias
em busca de segredos
que jテ。 nトバ interessam mais.
Reclamo por paz
em meio a intensa guerra.
Replanto a erva
que nトバ nasce mais.
Relato as dores
de males e fome.
Repito o meu nome,
antes de dormir.
Reato os laテァos
que me prendem aqui,
ao pedestal de barro.


TORRE DE BABEL

O juiz do supremo,
Jeovテ。,
se irrita e sai do sテゥrio,
quando seu filho Jesus
vai テ noite, ao cemitテゥrio.

No boteco do Davi,
onde quem manda
テゥ o Golias,
nトバ hテ。 funda,
quem afunda
na cachaテァa, テゥ o Isaテュas.

No salトバ do senhor Sansトバ,
quem faz o cabelo
テゥ sua mulher Dalila.

As mulheres de Salomトバ,
o cafetトバ lテ。 da vila,
choram e sentem solidトバ
quando estトバ de barriga.

Lテコcifer anda arrasado,
o seu mundo virou trevas,
por ter visto abraテァados,
Adトバ e a senhora Eva.

Noテゥ, o velho barqueiro,
nトバ gosta de animais.
No entanto, adora um peixe-frito
no barzinho lテ。 do cais.

Essa torre de Babel
テゥ o mundo em que vivemos,
onde nトバ hテ。 inocência.
Se algum nome ou fato ofender,
テゥ mera coincidência.


A MULHER DA MINHA VIDA

A mulher da minha vida,
Sempre テゥ lida em meus versos,
De uma forma ou de outra.
テ a sua voz que ecoa
Reclamando meu regresso.
テ bem mais que uma amante,
Que uma amiga e companheira.
Necessテ。ria como a fonte
No deserto de areia.
A mulher da minha vida,
Entre linhas abstratas,
Põe em mim, doces palavras
E expressトバ de alegria.
A resumo em poesia,
Tal qual em cartas,
A saudade que nos mata
Se envia.
A mulher da minha vida
テ a graテァa
Que um devoto em desgraテァa,
Alcanテァaria.


O LABIRINTO

Pelas ruas infinitas,
Nトバ encontro meu destino.
Endereテァo repentino;
Entトバ, me pテ。ra.
Nトバ テゥ nada;
Sigo em frente, o meu caminho.

A mim mesmo, ainda minto:
- Logo chegarei em casa.

Em calテァadas,
Eu percorro o labirinto
(Cruzamentos, sinais verdes e paradas).

O suor nトバ pテ。ra o tempo;
Lテ。grimas, enxuga o vento;
E um triste pensamento
Nトバ se afasta.

A cidade, assim, se fecha em semelhanテァa.
A lembranテァa,
À realidade, nトバ se adapta.
Eu confundo o momento
E me perco no silêncio
De um triste monumento
Que me agrada.

Minha calma テゥ necessテ。ria
Para espantar o medo,
Desvendar todo o segredo
Que o labirinto encerra.
Os meus pテゥs seguem por terra,
Minha alma por promessa,
O meu corpo por saudade.
Edifテュcios, tais quais pedras,
Alicerテァam a cidade;
Conduzindo minha mocidade
Eterna,
De encontro ao passado.
Eu me torno um condenado
Num presente adulterado,
Que me enterra.

Observo as vidraテァas
Das janelas,
Onde o sol ofusca a vista
Com a luz que テゥ minha guia
Na escuridトバ tardia
Do passado.

Cada praテァa
Me congraテァa,
Tal um templo
Erigido como um marco テ memテウria.
Cada uma conta a histテウria
De seu tempo,
De sorriso e sofrimento,
De conquistas e derrotas.

Novamente, me encontro sem saテュda,
Apesar de tanta via planejada.
Jテ。 nトバ reconheテァo nada
Do que havia,
Jテ。 nトバ reconheテァo nada.

Alimento meu silêncio,
O tempo passa,
Onde pombos batem asas
Sem voar.
Nトバ consigo encontrar
O meu caminho;
O meu ninho
Nトバ encontro em meu lugar.
Continuo a me enganar,
Ainda minto,
Preso a esse labirinto
A me fechar.


À DERIVA

Posso atテゥ perder o brilho dos meus olhos,
Mas jamais, deixar de ver tanta tristeza.
No esbanjar de pratos sobre minha mesa,
Vejo a fome refletida nos teus olhos.

O que faテァo se estou preso ao sistema
Onde a indiferenテァa
Sobrepõe a caridade,
Onde a verdade
テ varrida
Pra debaixo da mentira
E onde a vida
テ um barco テ deriva
Sem aテァões de piedade?


UM POUCO MAIS

Percebo
A minha vida esvaindo-se entre meus dedos
Em minha mトバ aberta
A dar adeus ao mundo
Pela janela.
A minha juventude
Em quietude eterna,
Silencia os meus dias.
As velhas alegrias
Sトバ lembranテァas tristes.
Os sonhos nトバ resistem
Aos carinhos da morte.
E que meu sono suporte
Os meus pesadelos,
Jテ。 que meus apelos
Ao que me resta de forテァa
Nトバ me sustenta.
Talvez, o mundo nトバ entenda
Esses meus ais.
Nトバ tenho medo de morrer.
Eu sテウ queria era viver
Um pouco mais.


O GRANDE DIA

Ai de nテウs se nトバ fosse o profeta
Para converter o nosso coraテァトバ.
Do contrテ。rio, Deus feriria a terra
Com terrテュvel maldiテァトバ.

Com o Senhor nトバ hテ。 perdトバ.
Seu grande e terrテュvel dia
Nトバ serテ。 de alegria
E sim de destruiテァトバ.

O poder de sua mトバ
テ extremamente acintoso.
Deus テゥ um ser ambicioso,
Quer de todos,
Atenテァトバ.

Nトバ importa a condiテァトバ,
Serテ。 imposto
Sofrimento e desgosto
Por qualquer contravenテァトバ.

Deus nトバ quer nos dテ。 liテァトバ,
Quer aniquilar a todos
Pelo carテ。ter odioso
Que passou テ criaテァトバ.


EPITテ:IO XIV

Ela se aproxima
Sorrateira e linda,
Com seu manto escuro,
Sua mトバ suada.
Nトバ nos pede nada,
Mas nos toma tudo.
Deixa entトバ, de luto,
A pessoa amada.

Ela nトバ se importa
Com aquele que fica.
Pois sテウ se dedica
Ao que se despede.
Sorrateira, impede
Que a gente viva.
E sutil se infiltra
Sob nossa pele.

Ela sテウ se afasta
Quando mata a alma
E deixa o corpo inerte.


ETERNA SOLIDÃO

O que eu tive na vida
Alテゥm da data esquecida,
Da dor no peito, contida,
E da perdida ilusトバ?

O que mantenho na mトバ,
Jテ。 na forma cadavテゥrica,
Senトバ,
A luta sem trテゥgua
Com os germes que a terra
Colocou em meu caixトバ?

Os meus feitos,
Foram em vトバ.
Meus defeitos,
Exaltados.
Nトバ sou de Deus nem do Diabo.
Sou um louco condenado
A eterna solidトバ.


ESPANTALHO MORIBUNDO

Minha alma sempre estテ。
Num silêncio tトバ profundo,
Que eu chego a duvidar
Que ainda estou no mundo.

Espantalho moribundo,
Onde a morte vem pousar.
Talvez para lhe falar:
Sinto muito! Sinto muito!

Num milテゥsimo de segundo,
Volta o corpo a respirar.
Espantalho vagabundo,
Fecha os braテァos para o mar,
Abre os olhos para o mundo.


FRUTO SEM CASCA

Espalhando letras
Sobre velhas pテ。ginas,
Semeei palavras
Que insatisfeitas
Deram-me em colheita
Uma grande safra
De um fruto sem casca,
A minha tristeza.

Uma fruta fresca,
Presa pela boca
Em que uma ou outra
Tenta mordiscar,
Murcha sem parar;
Se tornando feia,
Seca na areia
Quando o vento dテ。.

Versos pelo ar,
Lテ。grimas e poeira,
Solidトバ na mesa
Onde o fruto estテ。
Exposto, sem par,
Sem mostrar beleza,
テ minha tristeza
A me alimentar.


HOMENS DE FUMAテA

No arrastar de minhas sandテ。lias
Pela casa,
Tenho as lembranテァas arranhadas
E esquecidas.
Por onde andam as conversas conduzidas
Pelos homens de fumaテァa?

Se desfizeram com o tempo,
Nas costas de um tênue vento,
Pela janela escancarada.

O velho barco na distテ「ncia, ainda aguarda
Pela tripulaテァトバ dispersa,
Numa espera
Que parece eternizada.

Em meio a tralhas,
Depuseram suas velas.
Em meio a elas,
O seu capitトバ se apaga.


O FRACASSO

Eu sei que a vida me leva em trapos.
Caldeirões de barro
De bruxos modernos.
Favelas de inferno,
Diversos buracos.

Sトバ armas de ferro.
Sトバ balas de aテァo.
Sou eu, o fracasso
De um programa sem sucesso.

Eu sei que a morte me olha de perto;
Que chego a sentir o seu frio abraテァo.
Eu fumo, eu prego
Minha mトバ no maテァo
De notas sem eco.

Sトバ barras de ferro.
Algemas de aテァo.
Eu sei que sou o fracasso
De um programa sem sucesso.

Eu sei que caminham lado a lado,
O errado e o certo,
A ira de Deus
E a fama do diabo,
Senhores e servos,
Patrões e empregados,
Progresso e atraso.

Sトバ os mトバs-de-ferro
Em torres de aテァo.
Sendo eu, o fracasso
De um programa sem sucesso.


OLHOS DE AZULÃO

O que busca essa mulher
Pela qual minto,
Senトバ
A mesma solidトバ
Que sinto
Quando longe de seus olhos de azulトバ?

Os mesmos olhos
Que me olham da gaiola
Quando eu abro a porta
E eles vêem a imensidトバ.


SE FOSSEM SÃOS

A rima
テ mera afliテァトバ
Dos versos que me espelham
Naquilo que sトバ.

De forma nenhuma dirトバ
Do que sトバ feitos.

Meus versos
Seriam perfeitos
Se fossem sトバs.
Mas nada sトバ,
Senトバ
Defeitos.


QUANDO CHORO

Onde andam os meus olhos
Quando choro,
Se nトバ consigo encontrar
As minhas lテ。grimas?
Nas migalhas,
Alテゥm de meus remorsos?
Nos meus ossos,
Aquテゥm de minha alma?


A FANTASIA

Amo você
Com o mesmo ardor da juventude,
Na quietude
De minha atual idade.
Amo-a na ausência
Como num dia de saudade,
Detenho-me a cada テュnfima lembranテァa,
Com a mesma paz
Que traz
Aquela esperanテァa
Apテウs uma guerra.
Amo-a em terra
Com a cabeテァa pelas nuvens.
Amo atitudes
Que jamais seriam minhas,
Como entre linhas,
Leio uma poesia.
Amo como se ama o alvorecer
De cada dia,
Como o sorriso
Na inocente alegria
De um bebê.
E ter você,
Ainda parece utopia.
Mas, quis a vida
Que eu vivesse a fantasia
De meu ser,
Que テゥ para sempre,
Você.


MINHA GERAテÃO

Essa amargura
Que me faz um homem rude,
テ mera atitude
De defesa.
Odeio a pobreza
Que aos pテゥs de Deus se ilude;
Enquanto a juventude,
Nada almeja.
Desprezo a mania de grandeza
Que o rico tem com tudo.
Nトバ sou um carrancudo
Por frieza;
Somente faテァo uso
Da tristeza
De um sisudo,
Por ser fruto
De uma geraテァトバ que aceita.


SONETO DA VITRINE
(Sombras & espelhos)

A vidraテァa estilhaテァada,
Nトバ desfaz a minha imagem,
Nトバ subtrai da cidade,
A luz do sol ofuscada.
De pテゥ, fiquei na calテァada
Com minha mトバ estendida.
Exorcizei minha vida
Na pedra que arremessara.
Por um instante, escutara
O som de ossos quebrados
Da montra fragmentada.
Meu corpo feito estilhaテァos
Que os passantes pisavam
Entre espanto e gargalhadas.


POETAS
(Sombras & espelhos)

Sトバ tantos os poetas
Quanto estrelas,
Dispersos em bandeiras
Pelo mundo.
Eternos e profundos
Pelas letras,
Em digressões soberbas,
Em dimensões sem fundo.
Sトバ tantos os poetas
Que o planeta,
Em tinta de caneta,
テ resumo.
Enorme rascunho
Em lテュnguas estrangeiras.
A traduテァトバ perfeita
Das emoテァões do mundo.


MOSAICO
(Sombras & espelhos)

Em minha mトバ,
Mil pedaテァos.
Antigo quadro,
Uma mesa,
Alguテゥm que come calado
Com discriテァトバ ou tristeza.
E lado a lado
Na mais extrema destreza,
Enfileirado
Sob a antiga nobreza,
Assenta-se o mosaico.
Sob os meus pテゥs, o passado
Em um quadrado,
Pintado
Nesse retalho do tempo.
Breve momento
Guardado
No mais antigo mosaico
Preso テ calテァada,
Ao tempo.


Sテ EM TE AMAR
(Sombras & espelhos)

Sテウ em teus lテ。bios,
Eu encontro meus gemidos.
Sテウ em meus gritos,
Eu consigo te encontrar.
Como enganar
A emoテァトバ de estar aflito.
Eu te preciso
Como a noite, do luar.
Sテウ em teus passos,
Eu caminho decidido.
Surpreendido,
Tento nトバ justificar.
Sem teus abraテァos,
Os meus beijos sトバ sofridos
Como os feridos
Que nトバ podem se curar.
Sテウ em te amar
テ que eu encontro o sentido
De tudo aquilo
Que consigo imaginar.


NUMERAL UM
(Sombras & espelhos)

Eu atribuo
Minhas palavras ao poeta.
Uma espera
Numa tarde em jejum.
Nテウs como dois,
Dividimos.
No que dera?
Apenas um.
Eu me situo
Nas medidas de uma rテゥgua.
A mais complexa
Ou talvez a mais comum.
Sou menos um,
Minha conta se completa
Com menos um.
Eu me anulo
Numa soma que me zera.
Um dois que nega
A existência de mais um.
Sou incomum,
Tabuada que ainda preza,
Numeral um.


CONTRACEPTIVO
(Trテュptico)

Eu nトバ sei se テゥ o desespero
que me leva テ loucura
quando o sexo estupra
a minha alma,
ou a calma
que advテゥm do meu tormento
pelo tempo
que passou em minha palma.
Movimento anormal
de penetraテァトバ moral
em sua saia,
e no cheiro da indecência,
feromテエnio da ciência
em uma jaula.
Uma fera excitante
que no テコltimo instante, ofegante,
cospe a vida
no seu couro de borracha.
Nトバ hテ。 luta, nem corrida;
hテ。 uma triste despedida
de um suposto vencedor
que foi fruto de um amor
e se enforcou
com a prテウpria cauda.


SONHOS
(Trテュptico)

Os meus sonhos
sトバ apenas fragmentos de memテウria,
pequenos focos de luz
como cristais dispersados
num caleidoscテウpio de pensamentos,
distorテァões esdrテコxulas da realidade.
Rumores, amores e momentos,
abertos numa gaveta destrancada.
Minhas pテ。lpebras fechadas
num caixトバ de quase nada.
Um quase definido como os sonhos
que sトバ versos que componho
numa noite agitada.
Movimento involuntテ。rio dos meus olhos,
que entre risos, ainda choro
por apenas acreditar sofrer.
Entre cartas mal escritas e seladas,
vem a calma ao chegar o amanhecer.
Vem enfim, o esquecimento
desse quase fingimento
que テゥ sonhar.


EM DEMASIA
(Trテュptico)

Eu sou demasiado triste,
pelos versos que componho.
Eu sou demasiado louco,
pelo pouco
que proponho.
Nトバ deveria o mundo ser assim,
em demasia.
Talvez nトバ seja o mundo,
seja enfim,
minha poesia
Demasiada em meu tテゥdio,
sem remテゥdio,
em grafia;
em longas noites mal dormidas;
nos insultos
que eu ouvia.
Nトバ caberia em minha mトバ,
toda a visトバ
que em mim cabia.
Eu sou demasiado em tudo,
que ironia,
demasiado em meu luto
por ser fruto
de utopia.
Em demasia sトバ os dias
que me escapam entre os dedos
como uma teia
que テゥ lテ「nguida e esguia.
O mais sublime pensamento
que perde tempo
em demasia.
Demasiado, meu tormento,
pelo tanto
que eu nトバ via.
Demasiadamente eterno,
meu inferno em agonia.
Em demasia sou
quem sou,
um astronauta que acordou
num mundo estranho
em demasia.


DISLATE
(trテュptico)

Talvez minhas palavras sejam tolas,
minhas aテァões, inconseqテシentes;
as minhas brincadeiras, ironia;
eu prテウprio seja falho e negligente.
O meu discurso seja sテ。tira;
minha seriedade, uma piada.
O meu humor seja mau gosto;
o meu dislate, permanente.
Meu riso entre dentes, atimia;
a minha faina seja ociosa;
meu pranto, uma liテァトバ jocosa
e o jeito infantil, idiotia.
Talvez a minha vida seja um fracasso;
meus versos, um engodo imoral.
Em epテュtome, sou um gracejo nefasto.
Meu desejo, um esboテァo abnormal.


TURGESCÊNCIA
(Sob meus calcanhares)

Eu sinto os teus cabelos
entre meus dedos,
teus lテ。bios comprimidos
ao meu desejo,
o arfar de teu cansaテァo
entre meus braテァos
e ouテァo teus gemidos.
Vejo teus olhos tolhidos
fitar meu medo
de nトバ tê-la satisfeito ainda.
Tenho todos os sentidos
na extensトバ do meu leito.
E no auge da turgescência,
me torno uma larva imersa
em teus fluidos.


O RAMO
(Sob meus calcanhares)

Onde estテ。 minha alma,
que nトバ encontro?
Onde estテ。 meu encanto,
minha calma?
Sトバ perguntas que faテァo,
ainda em pranto,
ao meu eu freudiano
que me cala.
Onde estテ。 este anjo
que me fala?
Um quebranto
que minha mトテ me pテエs.
Ouテァo a antiga canテァトバ
que ela compテエs
em minha rede embalada.
Vejo um ramo na テ。rvore desfolhada,
resistir ao vento,
envergado.
Nesse instante me sinto
envergonhado
pelo meu triste pranto.
Minhas lテ。grimas
sトバ simplesmente テ。gua
que faz falta ao ramo.


O DIテ´OGO
(Reticências desfeitas)

- Dou-te a palavra
para principiares o diテ。logo.
- Fico muito grata
por ceder-me o favor.
テ鋭 muito amテ。vel.
Vou falar de amor,
sentimento imensurテ。vel
que テゥ tトバ natural
quanto o desabrochar da flor.
- Jテ。 vou interpor.
O que tu estテ。s dizendo?
O amor テゥ um invento
cultural e sem valor.
- Estou espantada.
テ鋭 um homem insensテュvel.
O amor テゥ indizテュvel.
テ nosso maior legado.
- テ soma sem resultado.
O amor nトバ テゥ normal.
テ estテウico, irracional,
nos mantêm aprisionados.
- テ鋭 um homem insuportテ。vel.
Mas o que dizes テゥ refutテ。vel.
De que vale a liberdade,
sem motivo para a saudade.
- テ鋭 uma eterna sonhadora.
De que vale um sentimento
que sテウ nos provoca medo,
fraqueza e sofrimento.
- O amor テゥ imortal.
A mais pura poesia.
Nos fere, テゥ natural.
Mas compensa com alegria.
- テ uma simples utopia.
Inconstante, passageiro.
Quem se entrega por inteiro,
viverテ。 em agonia.
- Vou deixar por encerrado
o nosso breve diテ。logo
em tua cテゥtica pessoa.
Mas eu sei
nトバ テゥ テ toa
que nテウs dois somos casados.


ELA
(Quadrilテ。tero)

Ela me leva,
me engana
e ainda me desafia.
Levou meu corpo
para a cama,
enquanto me distraテュa.
Deu-me o fruto do pecado,
enquanto Eva,
e compensou com redenテァトバ,
quando Maria.
Em Joana D'arc
foi Vitテウria,
tambテゥm rainha.
Jテ。 foi de todos
e sテウ minha.
Ela テゥ pouco e テゥ demais.
Como Helena,
ela foi guerra.
Como Tereza,
ela foi paz.


INDECENTE
(Quadrilテ。tero)

Nトバ sou um cavaleiro imaginテ。rio,
apenas um vassalo
que caminha.
Pela realidade,
um escravo
que tem a ilusトバ
que テゥ livre ainda.
Nトバ sou nenhum beato,
nem um cトバ.
Eu nトバ uso sermトバ
e nem batina.
Meu rosto
テゥ palidez,
enquanto expiro.
Meu sexo
sem estilo,
estupidez.


MUNDO FICTテ垢IO
(Pax-vテウbis)

Uma crianテァa brincava
Com a comida, na mesa.
Corria de pテゥs descalテァos,
Sem ninguテゥm a seu encalテァo,
Pela ruazinha estreita.
Nトバ enxergava a sujeira,
No seu mundo fictテュcio,
Do real desconhecido;
Tudo era brincadeira.
Contudo, era tトバ bonito
Ver o mundo d窶兮quela maneira:
Sem ter テウdio,
Ser ter vテュcio,
Sem sombra de sacrifテュcio,
Sem pecado
E sem tristeza.


SOMBRA DE NANQUIM
(Pax-vテウbis)

Que a vida,
Mesmo frテ。gil, continue.
Que perdure
Meu amor, alテゥm de mim.
Que nトバ tenham fim,
Meus passos pela rua.
Que dissipe sob a lua,
Minha sombra de nanquim.


A PEQUENA D窶僊RC
(Olhos de guri)

A guria
nトバ gostava de pia,
de casinha ou fogトバ.
Para ela,
tudo era opressトバ.
Ela ouvira
sua mトテ reclamar
que a mulher tende a trabalhar
sテウ com テ。gua e sabトバ.
Por que nトバ
brincaria de guerra,
de doutora,
de terra na mトバ?
A guria,
parecia antever
que seu mundo seria
uma doce ilusトバ.


A SOMBRA
(Olhos de guri)

Minha sombra
que se perde no escuro,
salta o muro
quando o sol
no cテゥu desponta.
Se arrasta no chトバ duro,
se encolhe,
se estica,
passa rente a dobradiテァa
e se perde pela casa.
Mas テ noite,
minha sombra cria asa,
voa quando saio a rua.
Pela luz que vem da lua,
minha sombra me abraテァa.
Me divirto e acho graテァa
quando atravessa a fogueira.
Minha sombra, nトバ sou eu,
mas テゥ minha companheira.


TAMBテ窺 SOU
(Letras, ...)

O louco
テゥ apenas mal ouvido.
Seu riso,
tenebrosa gargalhada.
Sua fテゥ,
um constante, eu duvido.
Sua mente,
uma porta escancarada.
Seu pedido de ajuda
テゥ um grito.
Seu gemido incontido,
uma dor.
Seu amor,
um abraテァo emotivo.
Sem motivo,
eis que louco
tambテゥm sou.


A GRAテA
(Letras, ...)

Deus me deu o fardo
para eu achar pesado
o termo ser livre.
Deus me deu o espelho
para ver se aceito
esse meu rosto triste.
Deus me deu o segredo
para pensar, eu mesmo,
o que テゥ ser tolice.
Deus me deu a culpa
para eu pedir desculpa
por qualquer deslize.
Deus me deu a dor
para eu sentir pavor
do seu dedo em riste.
Deus nトバ me deu nada,
eu que faテァo a graテァa
crendo que ele existe.


VERSÃO REFRATADA
(Letras, ...)

Quantas vezes eu tive
que mergulhar no sorriso
para fugir do abismo
que テゥ o existencialismo
de mim mesmo.
Quantos pueris desejos
entre prosaicas conversas.
Quando nada interessa,
meu mundo me dテ。 medo.
Eu sou apenas ensejo
que o acaso consagra.
Uma versトバ refratada
na ilusトバ do que vejo.
Quando nトバ me percebo,
テゥ sinal de que eu mesmo
sou a soma do nada.


QUEM SOU EU
(De versos, ...)

Sou um jovem ateu
Que entra na igreja
Para tomar cerveja
E beber cafテゥ.
Desconheテァo a fテゥ,
Mesmo na ressaca.
Rio quando a graテァa
テ de um milagre
De ser eu, um padre
Que toma conhaque
Num cテ。lice de vinho
E vive sozinho
Pensando que sonha
Em ser um demテエnio
Que se sente Deus,
Ser o prテウprio Deus
Se sentindo humano,
Ser um santo insano
A brincar de ateu.


DESESPERANテA
(De versos, ...)

Quem テゥ essa
Que me tira o sono,
Que arrebata o dono
De uma humilde casa?
Quem テゥ essa
Louca, desvairada,
Que ao seio me prende
Sem saber se sente
A dor que a outro causa?
Lテ。bios que procuram vida
Carne apodrecida
No envelhecimento.
Quem テゥ essa
Que corrテウi por dentro
Como um veneno
Sem nenhum antテュdoto?
Eu sou outro,
Sou um homem dito,
Dito morto
Pela agonia.
Quem テゥ essa
Musa e tirania,
Mistura que havia
Desde minha infテ「ncia?
Quem テゥ essa
Triste companhia?
Talvez seja a morte,
A desesperanテァa.


O MATUTO
(Cテ。lice)

O matuto estテ。 triste,
cabisbaixo e pensativo.
Nトバ encontra um sテウ motivo
para saber se existe.
Tal canテ。rio sem alpiste,
preso a uma velha gaiola,
vendo longe a aurora,
sem ter テ「nimo pra cantar.
Com vontade de voar
para longe, ao horizonte;
a saudade o consome
antes mesmo de partir.
O matuto fica ali,
a pensar no que seria
sem a テコnica companhia,
a choupana em que vive.
Tal amor sテウ visto em versos,
o matuto テゥ regresso
de um lugar que nトバ existe.


SEM CONDIテÃO
(Cテ。lice)

Seus ombros テ amostra,
me deixam insinuado.
Seu corpo ainda agora,
me deixa provocado.
Seus seios contornados
pela blusa,
me fazem sinal da curva
do seu corpo ondulado.
Seu jeito comportado
nトバ me mantテゥm テ distテ「ncia.
Na sua tolerテ「ncia,
encontro o meu pecado.
Seus olhos nトバ perturbam minha paz,
alテゥm do mais,
recebem meu recado.
Seu pare, deixa disso, mais cuidado,
sテウ fazem aumentar o meu querer.
A dテコvida faz crescer
minha ilusトバ,
que eu terei nas mトバs
a chance de fazê-la entender.
Amar テゥ mais que ter.
テ aceitar querer
sem condiテァトバ.


CONVテ唄
(Cテ。lice)

Foste meu caminho sem regresso
em um verso.
Minha poesia mais bonita.
Entre as estrelas,
rabisquei um sテウ desenho,
o seu rosto,
como eu bem queria.
Foste a derradeira flor
perdida no deserto.
Em meu universo,
um farol de guia.
Arrancaste o aviso que dizia:
窶弑ma saudade窶.
O vazio da idade,
preenchias.
Foste o colorido
de uma tela que eu pintava.
A mトバ que segurava o meu filho.
O espテュrito de um cテゥtico
que chorava.
A paz esperada
por um homem aturdido.
Foste o barco rijo
que sustenta a onda em fテコria.
O pescador que nada
テ procura de si mesmo.
Para mim,
a mais incrテュvel criatura.
A doce loucura
do desejo.
Foste na verdade,
o meu mundo.
Hoje, na saudade,
apenas テゥs
um velho convテゥs
com o qual afundo.


GRAMATICAL
(Cabaz)

Sテウ em letras imprimo minha alma.
Mais do que texto
sou contexto indecifrテ。vel.
Meu sinテエnimo テゥ antテエnimo de si mesmo.
Um sujeito indefinido
que テゥ objeto de um erro
gramatical.
Entre modos e tempos,
triste verbo
que ecoa na forma nominal.
Oraテァões que sトバ subordinadas
aos meus vテュcios de linguagem.
Um inテュcio em letras ordenadas
e um fim
numa expressトバ oral.


AFLORA UM POETA
(Cabaz)

Assim se fez um poeta.
Como talhe na madeira
esculpi minha poesia.
De uma maneira fria
infundi minha alma no papel.
Nas costas de um corcel
cavalguei por entre versos;
muitas vezes sem regresso,
o poema, me tornei.
De um sono despertei
enquanto escrevia,
da caneta entトバ fluテュa
as idテゥias que sonhei.
Quem sabe se eu errei?
Foram mais de trinta anos,
foram tantos desenganos
que poeta, me tornei.


INGÊNITO
(Cabaz)

Seguir os passos
a um lugar perdido na distテ「ncia;
entrar na danテァa
de um ritual de acasalamento;
sentir nas mトバs
o instintivo dom
que vem de dentro;
ouvir o som
de vozes ecoadas;
e nas entonaテァões
das poesias declamadas,
revelar-se poeta.


LIAME
(Cabaz)

Sou livro
intitulado.
Um desabafo.
Sou todo
em parte.
Um lacre violado.
Sou tudo
num nada
dissipado.
テ鋭 flor
dissecada
na mトバ aberta
em palma.
テ鋭 colo e calma
na casa onde cresci;
moeda encontrada
que perdi;
o berテァo
em que nasceu
minh'alma.


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