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- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 2010-12-12 | [This text should be read in portugues] |
APELO À MISテ嘘IA
Quem me dera, misテゥria, eu fosse parte de um baluarte de sonho e de quimera. Pela boca mantテゥm-se assim o povo, a lavagem テゥ a comida que a si, dera. Na vergonha de reconhecer-se porco, ter o rosto metido na sujeira, enlameado atrテ。s de uma porteira seu anseio テゥ mantido na espera. Quem me dera, misテゥria, eu me calasse e ocultasse o meu rosto na janela. Meus princテュpios mantêm-me assim exposto. Sou mau gosto travado na goela. Quem engole as palavras que eu digo traz de volta a vontade de lutar, elas tocam a ferida no umbigo que o conformismo jテ。 ia cicatrizar. Quem me dera, misテゥria, quem me dera, que de ti eu pudesse me livrar. PERSONAGENS INFANTIS Serテ。 que o lobo テゥ tトバ mal. O lobo ama tambテゥm. Ele protege os filhotes que tem. Caテァar, para ele テゥ natural. A chapeuzinho, talvez, quando crescer seja outra. Se torne uma megera que nトバ gosta de crianテァa e perca toda a esperanテァa de voltar ao que era. O caテァador, o herテウi tトバ valente que salvou a vovozinha, costuma matar friamente a fêmea, deixando a cria sozinha. Ele acabou sendo preso por caテァar ilegalmente. A vovozinha morreu. Pois, a idade a levou. Mas, quantas vezes brigou com a vizinha da frente. Isso prova que a bondade e a maldade, na verdade, sトバ apenas uma histテウria diferente. O POEMA QUE EU DEIXEI DE ESCREVER O poema que eu deixei de escrever, Falaria de você, De nosso tempo, De angテコstia, de tormento, De alegria e de prazer. Iria contradizer Cada palavra Que as nossas falas Tinham pouco a dizer. O poema que eu deixei de escrever, Seria na verdade, Uma ameaテァa. Calaria minha boca, Qual mordaテァa. Nトバ seria uma desgraテァa, Por nトバ ser. Os meus versos, Talvez fossem sem querer, Uma ofensa A sua crenテァa, Que eu acreditava Ter. O poema que eu deixei de escrever, Nトバ seria De valia. Sem valia, O deixei de escrever. SEPULTAMENTO Os meus olhos pregados no infinito como os pregos nas tテ。buas cravejados, e de pontas viradas, redobrados, sustentados e fixos numa curva. No aconchego da madeira macia, minhas costas nos ossos da bacia consolam meu corpo tトバ curvado. Pelo tempo que tenho acumulado, a ferrugem do mundo me comeu, e a tampa que pregam me prendeu para sempre num rito consumado. Por debaixo da terra condenado a ser parte da mesma e nトバ ser eu. CANTO DE SEREIA Como um canto de sereia de belテュssima harmonia, letra correta, verdadeira poesia e melodia que eterniza nossa alma. Por onde anda a sereia encantada nas profundezas desse mar de ignorテ「ncia? Letra incorreta com falta de concordテ「ncia e melodia que nos faz perder a calma. Sテウ na lembranテァa, o teu canto nos enleva na emoテァトバ que tua voz nos faz sentir e na saudade, o nosso coraテァトバ desperta pra realidade, nトバ hテ。 nada mais pra ouvir. PEDESTAL DE BARRO Revogo silêncio ante palavra e voz. Reato os nテウs que me prendem ao medo. Reavivo memテウrias em busca de segredos que jテ。 nトバ interessam mais. Reclamo por paz em meio a intensa guerra. Replanto a erva que nトバ nasce mais. Relato as dores de males e fome. Repito o meu nome, antes de dormir. Reato os laテァos que me prendem aqui, ao pedestal de barro. TORRE DE BABEL O juiz do supremo, Jeovテ。, se irrita e sai do sテゥrio, quando seu filho Jesus vai テ noite, ao cemitテゥrio. No boteco do Davi, onde quem manda テゥ o Golias, nトバ hテ。 funda, quem afunda na cachaテァa, テゥ o Isaテュas. No salトバ do senhor Sansトバ, quem faz o cabelo テゥ sua mulher Dalila. As mulheres de Salomトバ, o cafetトバ lテ。 da vila, choram e sentem solidトバ quando estトバ de barriga. Lテコcifer anda arrasado, o seu mundo virou trevas, por ter visto abraテァados, Adトバ e a senhora Eva. Noテゥ, o velho barqueiro, nトバ gosta de animais. No entanto, adora um peixe-frito no barzinho lテ。 do cais. Essa torre de Babel テゥ o mundo em que vivemos, onde nトバ hテ。 inocência. Se algum nome ou fato ofender, テゥ mera coincidência. A MULHER DA MINHA VIDA A mulher da minha vida, Sempre テゥ lida em meus versos, De uma forma ou de outra. テ a sua voz que ecoa Reclamando meu regresso. テ bem mais que uma amante, Que uma amiga e companheira. Necessテ。ria como a fonte No deserto de areia. A mulher da minha vida, Entre linhas abstratas, Põe em mim, doces palavras E expressトバ de alegria. A resumo em poesia, Tal qual em cartas, A saudade que nos mata Se envia. A mulher da minha vida テ a graテァa Que um devoto em desgraテァa, Alcanテァaria. O LABIRINTO Pelas ruas infinitas, Nトバ encontro meu destino. Endereテァo repentino; Entトバ, me pテ。ra. Nトバ テゥ nada; Sigo em frente, o meu caminho. A mim mesmo, ainda minto: - Logo chegarei em casa. Em calテァadas, Eu percorro o labirinto (Cruzamentos, sinais verdes e paradas). O suor nトバ pテ。ra o tempo; Lテ。grimas, enxuga o vento; E um triste pensamento Nトバ se afasta. A cidade, assim, se fecha em semelhanテァa. A lembranテァa, À realidade, nトバ se adapta. Eu confundo o momento E me perco no silêncio De um triste monumento Que me agrada. Minha calma テゥ necessテ。ria Para espantar o medo, Desvendar todo o segredo Que o labirinto encerra. Os meus pテゥs seguem por terra, Minha alma por promessa, O meu corpo por saudade. Edifテュcios, tais quais pedras, Alicerテァam a cidade; Conduzindo minha mocidade Eterna, De encontro ao passado. Eu me torno um condenado Num presente adulterado, Que me enterra. Observo as vidraテァas Das janelas, Onde o sol ofusca a vista Com a luz que テゥ minha guia Na escuridトバ tardia Do passado. Cada praテァa Me congraテァa, Tal um templo Erigido como um marco テ memテウria. Cada uma conta a histテウria De seu tempo, De sorriso e sofrimento, De conquistas e derrotas. Novamente, me encontro sem saテュda, Apesar de tanta via planejada. Jテ。 nトバ reconheテァo nada Do que havia, Jテ。 nトバ reconheテァo nada. Alimento meu silêncio, O tempo passa, Onde pombos batem asas Sem voar. Nトバ consigo encontrar O meu caminho; O meu ninho Nトバ encontro em meu lugar. Continuo a me enganar, Ainda minto, Preso a esse labirinto A me fechar. À DERIVA Posso atテゥ perder o brilho dos meus olhos, Mas jamais, deixar de ver tanta tristeza. No esbanjar de pratos sobre minha mesa, Vejo a fome refletida nos teus olhos. O que faテァo se estou preso ao sistema Onde a indiferenテァa Sobrepõe a caridade, Onde a verdade テ varrida Pra debaixo da mentira E onde a vida テ um barco テ deriva Sem aテァões de piedade? UM POUCO MAIS Percebo A minha vida esvaindo-se entre meus dedos Em minha mトバ aberta A dar adeus ao mundo Pela janela. A minha juventude Em quietude eterna, Silencia os meus dias. As velhas alegrias Sトバ lembranテァas tristes. Os sonhos nトバ resistem Aos carinhos da morte. E que meu sono suporte Os meus pesadelos, Jテ。 que meus apelos Ao que me resta de forテァa Nトバ me sustenta. Talvez, o mundo nトバ entenda Esses meus ais. Nトバ tenho medo de morrer. Eu sテウ queria era viver Um pouco mais. O GRANDE DIA Ai de nテウs se nトバ fosse o profeta Para converter o nosso coraテァトバ. Do contrテ。rio, Deus feriria a terra Com terrテュvel maldiテァトバ. Com o Senhor nトバ hテ。 perdトバ. Seu grande e terrテュvel dia Nトバ serテ。 de alegria E sim de destruiテァトバ. O poder de sua mトバ テ extremamente acintoso. Deus テゥ um ser ambicioso, Quer de todos, Atenテァトバ. Nトバ importa a condiテァトバ, Serテ。 imposto Sofrimento e desgosto Por qualquer contravenテァトバ. Deus nトバ quer nos dテ。 liテァトバ, Quer aniquilar a todos Pelo carテ。ter odioso Que passou テ criaテァトバ. EPITテ:IO XIV Ela se aproxima Sorrateira e linda, Com seu manto escuro, Sua mトバ suada. Nトバ nos pede nada, Mas nos toma tudo. Deixa entトバ, de luto, A pessoa amada. Ela nトバ se importa Com aquele que fica. Pois sテウ se dedica Ao que se despede. Sorrateira, impede Que a gente viva. E sutil se infiltra Sob nossa pele. Ela sテウ se afasta Quando mata a alma E deixa o corpo inerte. ETERNA SOLIDÃO O que eu tive na vida Alテゥm da data esquecida, Da dor no peito, contida, E da perdida ilusトバ? O que mantenho na mトバ, Jテ。 na forma cadavテゥrica, Senトバ, A luta sem trテゥgua Com os germes que a terra Colocou em meu caixトバ? Os meus feitos, Foram em vトバ. Meus defeitos, Exaltados. Nトバ sou de Deus nem do Diabo. Sou um louco condenado A eterna solidトバ. ESPANTALHO MORIBUNDO Minha alma sempre estテ。 Num silêncio tトバ profundo, Que eu chego a duvidar Que ainda estou no mundo. Espantalho moribundo, Onde a morte vem pousar. Talvez para lhe falar: Sinto muito! Sinto muito! Num milテゥsimo de segundo, Volta o corpo a respirar. Espantalho vagabundo, Fecha os braテァos para o mar, Abre os olhos para o mundo. FRUTO SEM CASCA Espalhando letras Sobre velhas pテ。ginas, Semeei palavras Que insatisfeitas Deram-me em colheita Uma grande safra De um fruto sem casca, A minha tristeza. Uma fruta fresca, Presa pela boca Em que uma ou outra Tenta mordiscar, Murcha sem parar; Se tornando feia, Seca na areia Quando o vento dテ。. Versos pelo ar, Lテ。grimas e poeira, Solidトバ na mesa Onde o fruto estテ。 Exposto, sem par, Sem mostrar beleza, テ minha tristeza A me alimentar. HOMENS DE FUMAテA No arrastar de minhas sandテ。lias Pela casa, Tenho as lembranテァas arranhadas E esquecidas. Por onde andam as conversas conduzidas Pelos homens de fumaテァa? Se desfizeram com o tempo, Nas costas de um tênue vento, Pela janela escancarada. O velho barco na distテ「ncia, ainda aguarda Pela tripulaテァトバ dispersa, Numa espera Que parece eternizada. Em meio a tralhas, Depuseram suas velas. Em meio a elas, O seu capitトバ se apaga. O FRACASSO Eu sei que a vida me leva em trapos. Caldeirões de barro De bruxos modernos. Favelas de inferno, Diversos buracos. Sトバ armas de ferro. Sトバ balas de aテァo. Sou eu, o fracasso De um programa sem sucesso. Eu sei que a morte me olha de perto; Que chego a sentir o seu frio abraテァo. Eu fumo, eu prego Minha mトバ no maテァo De notas sem eco. Sトバ barras de ferro. Algemas de aテァo. Eu sei que sou o fracasso De um programa sem sucesso. Eu sei que caminham lado a lado, O errado e o certo, A ira de Deus E a fama do diabo, Senhores e servos, Patrões e empregados, Progresso e atraso. Sトバ os mトバs-de-ferro Em torres de aテァo. Sendo eu, o fracasso De um programa sem sucesso. OLHOS DE AZULÃO O que busca essa mulher Pela qual minto, Senトバ A mesma solidトバ Que sinto Quando longe de seus olhos de azulトバ? Os mesmos olhos Que me olham da gaiola Quando eu abro a porta E eles vêem a imensidトバ. SE FOSSEM SÃOS A rima テ mera afliテァトバ Dos versos que me espelham Naquilo que sトバ. De forma nenhuma dirトバ Do que sトバ feitos. Meus versos Seriam perfeitos Se fossem sトバs. Mas nada sトバ, Senトバ Defeitos. QUANDO CHORO Onde andam os meus olhos Quando choro, Se nトバ consigo encontrar As minhas lテ。grimas? Nas migalhas, Alテゥm de meus remorsos? Nos meus ossos, Aquテゥm de minha alma? A FANTASIA Amo você Com o mesmo ardor da juventude, Na quietude De minha atual idade. Amo-a na ausência Como num dia de saudade, Detenho-me a cada テュnfima lembranテァa, Com a mesma paz Que traz Aquela esperanテァa Apテウs uma guerra. Amo-a em terra Com a cabeテァa pelas nuvens. Amo atitudes Que jamais seriam minhas, Como entre linhas, Leio uma poesia. Amo como se ama o alvorecer De cada dia, Como o sorriso Na inocente alegria De um bebê. E ter você, Ainda parece utopia. Mas, quis a vida Que eu vivesse a fantasia De meu ser, Que テゥ para sempre, Você. MINHA GERAテÃO Essa amargura Que me faz um homem rude, テ mera atitude De defesa. Odeio a pobreza Que aos pテゥs de Deus se ilude; Enquanto a juventude, Nada almeja. Desprezo a mania de grandeza Que o rico tem com tudo. Nトバ sou um carrancudo Por frieza; Somente faテァo uso Da tristeza De um sisudo, Por ser fruto De uma geraテァトバ que aceita. SONETO DA VITRINE (Sombras & espelhos) A vidraテァa estilhaテァada, Nトバ desfaz a minha imagem, Nトバ subtrai da cidade, A luz do sol ofuscada. De pテゥ, fiquei na calテァada Com minha mトバ estendida. Exorcizei minha vida Na pedra que arremessara. Por um instante, escutara O som de ossos quebrados Da montra fragmentada. Meu corpo feito estilhaテァos Que os passantes pisavam Entre espanto e gargalhadas. POETAS (Sombras & espelhos) Sトバ tantos os poetas Quanto estrelas, Dispersos em bandeiras Pelo mundo. Eternos e profundos Pelas letras, Em digressões soberbas, Em dimensões sem fundo. Sトバ tantos os poetas Que o planeta, Em tinta de caneta, テ resumo. Enorme rascunho Em lテュnguas estrangeiras. A traduテァトバ perfeita Das emoテァões do mundo. MOSAICO (Sombras & espelhos) Em minha mトバ, Mil pedaテァos. Antigo quadro, Uma mesa, Alguテゥm que come calado Com discriテァトバ ou tristeza. E lado a lado Na mais extrema destreza, Enfileirado Sob a antiga nobreza, Assenta-se o mosaico. Sob os meus pテゥs, o passado Em um quadrado, Pintado Nesse retalho do tempo. Breve momento Guardado No mais antigo mosaico Preso テ calテァada, Ao tempo. Sテ EM TE AMAR (Sombras & espelhos) Sテウ em teus lテ。bios, Eu encontro meus gemidos. Sテウ em meus gritos, Eu consigo te encontrar. Como enganar A emoテァトバ de estar aflito. Eu te preciso Como a noite, do luar. Sテウ em teus passos, Eu caminho decidido. Surpreendido, Tento nトバ justificar. Sem teus abraテァos, Os meus beijos sトバ sofridos Como os feridos Que nトバ podem se curar. Sテウ em te amar テ que eu encontro o sentido De tudo aquilo Que consigo imaginar. NUMERAL UM (Sombras & espelhos) Eu atribuo Minhas palavras ao poeta. Uma espera Numa tarde em jejum. Nテウs como dois, Dividimos. No que dera? Apenas um. Eu me situo Nas medidas de uma rテゥgua. A mais complexa Ou talvez a mais comum. Sou menos um, Minha conta se completa Com menos um. Eu me anulo Numa soma que me zera. Um dois que nega A existência de mais um. Sou incomum, Tabuada que ainda preza, Numeral um. CONTRACEPTIVO (Trテュptico) Eu nトバ sei se テゥ o desespero que me leva テ loucura quando o sexo estupra a minha alma, ou a calma que advテゥm do meu tormento pelo tempo que passou em minha palma. Movimento anormal de penetraテァトバ moral em sua saia, e no cheiro da indecência, feromテエnio da ciência em uma jaula. Uma fera excitante que no テコltimo instante, ofegante, cospe a vida no seu couro de borracha. Nトバ hテ。 luta, nem corrida; hテ。 uma triste despedida de um suposto vencedor que foi fruto de um amor e se enforcou com a prテウpria cauda. SONHOS (Trテュptico) Os meus sonhos sトバ apenas fragmentos de memテウria, pequenos focos de luz como cristais dispersados num caleidoscテウpio de pensamentos, distorテァões esdrテコxulas da realidade. Rumores, amores e momentos, abertos numa gaveta destrancada. Minhas pテ。lpebras fechadas num caixトバ de quase nada. Um quase definido como os sonhos que sトバ versos que componho numa noite agitada. Movimento involuntテ。rio dos meus olhos, que entre risos, ainda choro por apenas acreditar sofrer. Entre cartas mal escritas e seladas, vem a calma ao chegar o amanhecer. Vem enfim, o esquecimento desse quase fingimento que テゥ sonhar. EM DEMASIA (Trテュptico) Eu sou demasiado triste, pelos versos que componho. Eu sou demasiado louco, pelo pouco que proponho. Nトバ deveria o mundo ser assim, em demasia. Talvez nトバ seja o mundo, seja enfim, minha poesia Demasiada em meu tテゥdio, sem remテゥdio, em grafia; em longas noites mal dormidas; nos insultos que eu ouvia. Nトバ caberia em minha mトバ, toda a visトバ que em mim cabia. Eu sou demasiado em tudo, que ironia, demasiado em meu luto por ser fruto de utopia. Em demasia sトバ os dias que me escapam entre os dedos como uma teia que テゥ lテ「nguida e esguia. O mais sublime pensamento que perde tempo em demasia. Demasiado, meu tormento, pelo tanto que eu nトバ via. Demasiadamente eterno, meu inferno em agonia. Em demasia sou quem sou, um astronauta que acordou num mundo estranho em demasia. DISLATE (trテュptico) Talvez minhas palavras sejam tolas, minhas aテァões, inconseqテシentes; as minhas brincadeiras, ironia; eu prテウprio seja falho e negligente. O meu discurso seja sテ。tira; minha seriedade, uma piada. O meu humor seja mau gosto; o meu dislate, permanente. Meu riso entre dentes, atimia; a minha faina seja ociosa; meu pranto, uma liテァトバ jocosa e o jeito infantil, idiotia. Talvez a minha vida seja um fracasso; meus versos, um engodo imoral. Em epテュtome, sou um gracejo nefasto. Meu desejo, um esboテァo abnormal. TURGESCÊNCIA (Sob meus calcanhares) Eu sinto os teus cabelos entre meus dedos, teus lテ。bios comprimidos ao meu desejo, o arfar de teu cansaテァo entre meus braテァos e ouテァo teus gemidos. Vejo teus olhos tolhidos fitar meu medo de nトバ tê-la satisfeito ainda. Tenho todos os sentidos na extensトバ do meu leito. E no auge da turgescência, me torno uma larva imersa em teus fluidos. O RAMO (Sob meus calcanhares) Onde estテ。 minha alma, que nトバ encontro? Onde estテ。 meu encanto, minha calma? Sトバ perguntas que faテァo, ainda em pranto, ao meu eu freudiano que me cala. Onde estテ。 este anjo que me fala? Um quebranto que minha mトテ me pテエs. Ouテァo a antiga canテァトバ que ela compテエs em minha rede embalada. Vejo um ramo na テ。rvore desfolhada, resistir ao vento, envergado. Nesse instante me sinto envergonhado pelo meu triste pranto. Minhas lテ。grimas sトバ simplesmente テ。gua que faz falta ao ramo. O DIテ´OGO (Reticências desfeitas) - Dou-te a palavra para principiares o diテ。logo. - Fico muito grata por ceder-me o favor. テ鋭 muito amテ。vel. Vou falar de amor, sentimento imensurテ。vel que テゥ tトバ natural quanto o desabrochar da flor. - Jテ。 vou interpor. O que tu estテ。s dizendo? O amor テゥ um invento cultural e sem valor. - Estou espantada. テ鋭 um homem insensテュvel. O amor テゥ indizテュvel. テ nosso maior legado. - テ soma sem resultado. O amor nトバ テゥ normal. テ estテウico, irracional, nos mantêm aprisionados. - テ鋭 um homem insuportテ。vel. Mas o que dizes テゥ refutテ。vel. De que vale a liberdade, sem motivo para a saudade. - テ鋭 uma eterna sonhadora. De que vale um sentimento que sテウ nos provoca medo, fraqueza e sofrimento. - O amor テゥ imortal. A mais pura poesia. Nos fere, テゥ natural. Mas compensa com alegria. - テ uma simples utopia. Inconstante, passageiro. Quem se entrega por inteiro, viverテ。 em agonia. - Vou deixar por encerrado o nosso breve diテ。logo em tua cテゥtica pessoa. Mas eu sei nトバ テゥ テ toa que nテウs dois somos casados. ELA (Quadrilテ。tero) Ela me leva, me engana e ainda me desafia. Levou meu corpo para a cama, enquanto me distraテュa. Deu-me o fruto do pecado, enquanto Eva, e compensou com redenテァトバ, quando Maria. Em Joana D'arc foi Vitテウria, tambテゥm rainha. Jテ。 foi de todos e sテウ minha. Ela テゥ pouco e テゥ demais. Como Helena, ela foi guerra. Como Tereza, ela foi paz. INDECENTE (Quadrilテ。tero) Nトバ sou um cavaleiro imaginテ。rio, apenas um vassalo que caminha. Pela realidade, um escravo que tem a ilusトバ que テゥ livre ainda. Nトバ sou nenhum beato, nem um cトバ. Eu nトバ uso sermトバ e nem batina. Meu rosto テゥ palidez, enquanto expiro. Meu sexo sem estilo, estupidez. MUNDO FICTテ垢IO (Pax-vテウbis) Uma crianテァa brincava Com a comida, na mesa. Corria de pテゥs descalテァos, Sem ninguテゥm a seu encalテァo, Pela ruazinha estreita. Nトバ enxergava a sujeira, No seu mundo fictテュcio, Do real desconhecido; Tudo era brincadeira. Contudo, era tトバ bonito Ver o mundo d窶兮quela maneira: Sem ter テウdio, Ser ter vテュcio, Sem sombra de sacrifテュcio, Sem pecado E sem tristeza. SOMBRA DE NANQUIM (Pax-vテウbis) Que a vida, Mesmo frテ。gil, continue. Que perdure Meu amor, alテゥm de mim. Que nトバ tenham fim, Meus passos pela rua. Que dissipe sob a lua, Minha sombra de nanquim. A PEQUENA D窶僊RC (Olhos de guri) A guria nトバ gostava de pia, de casinha ou fogトバ. Para ela, tudo era opressトバ. Ela ouvira sua mトテ reclamar que a mulher tende a trabalhar sテウ com テ。gua e sabトバ. Por que nトバ brincaria de guerra, de doutora, de terra na mトバ? A guria, parecia antever que seu mundo seria uma doce ilusトバ. A SOMBRA (Olhos de guri) Minha sombra que se perde no escuro, salta o muro quando o sol no cテゥu desponta. Se arrasta no chトバ duro, se encolhe, se estica, passa rente a dobradiテァa e se perde pela casa. Mas テ noite, minha sombra cria asa, voa quando saio a rua. Pela luz que vem da lua, minha sombra me abraテァa. Me divirto e acho graテァa quando atravessa a fogueira. Minha sombra, nトバ sou eu, mas テゥ minha companheira. TAMBテ窺 SOU (Letras, ...) O louco テゥ apenas mal ouvido. Seu riso, tenebrosa gargalhada. Sua fテゥ, um constante, eu duvido. Sua mente, uma porta escancarada. Seu pedido de ajuda テゥ um grito. Seu gemido incontido, uma dor. Seu amor, um abraテァo emotivo. Sem motivo, eis que louco tambテゥm sou. A GRAテA (Letras, ...) Deus me deu o fardo para eu achar pesado o termo ser livre. Deus me deu o espelho para ver se aceito esse meu rosto triste. Deus me deu o segredo para pensar, eu mesmo, o que テゥ ser tolice. Deus me deu a culpa para eu pedir desculpa por qualquer deslize. Deus me deu a dor para eu sentir pavor do seu dedo em riste. Deus nトバ me deu nada, eu que faテァo a graテァa crendo que ele existe. VERSÃO REFRATADA (Letras, ...) Quantas vezes eu tive que mergulhar no sorriso para fugir do abismo que テゥ o existencialismo de mim mesmo. Quantos pueris desejos entre prosaicas conversas. Quando nada interessa, meu mundo me dテ。 medo. Eu sou apenas ensejo que o acaso consagra. Uma versトバ refratada na ilusトバ do que vejo. Quando nトバ me percebo, テゥ sinal de que eu mesmo sou a soma do nada. QUEM SOU EU (De versos, ...) Sou um jovem ateu Que entra na igreja Para tomar cerveja E beber cafテゥ. Desconheテァo a fテゥ, Mesmo na ressaca. Rio quando a graテァa テ de um milagre De ser eu, um padre Que toma conhaque Num cテ。lice de vinho E vive sozinho Pensando que sonha Em ser um demテエnio Que se sente Deus, Ser o prテウprio Deus Se sentindo humano, Ser um santo insano A brincar de ateu. DESESPERANテA (De versos, ...) Quem テゥ essa Que me tira o sono, Que arrebata o dono De uma humilde casa? Quem テゥ essa Louca, desvairada, Que ao seio me prende Sem saber se sente A dor que a outro causa? Lテ。bios que procuram vida Carne apodrecida No envelhecimento. Quem テゥ essa Que corrテウi por dentro Como um veneno Sem nenhum antテュdoto? Eu sou outro, Sou um homem dito, Dito morto Pela agonia. Quem テゥ essa Musa e tirania, Mistura que havia Desde minha infテ「ncia? Quem テゥ essa Triste companhia? Talvez seja a morte, A desesperanテァa. O MATUTO (Cテ。lice) O matuto estテ。 triste, cabisbaixo e pensativo. Nトバ encontra um sテウ motivo para saber se existe. Tal canテ。rio sem alpiste, preso a uma velha gaiola, vendo longe a aurora, sem ter テ「nimo pra cantar. Com vontade de voar para longe, ao horizonte; a saudade o consome antes mesmo de partir. O matuto fica ali, a pensar no que seria sem a テコnica companhia, a choupana em que vive. Tal amor sテウ visto em versos, o matuto テゥ regresso de um lugar que nトバ existe. SEM CONDIテÃO (Cテ。lice) Seus ombros テ amostra, me deixam insinuado. Seu corpo ainda agora, me deixa provocado. Seus seios contornados pela blusa, me fazem sinal da curva do seu corpo ondulado. Seu jeito comportado nトバ me mantテゥm テ distテ「ncia. Na sua tolerテ「ncia, encontro o meu pecado. Seus olhos nトバ perturbam minha paz, alテゥm do mais, recebem meu recado. Seu pare, deixa disso, mais cuidado, sテウ fazem aumentar o meu querer. A dテコvida faz crescer minha ilusトバ, que eu terei nas mトバs a chance de fazê-la entender. Amar テゥ mais que ter. テ aceitar querer sem condiテァトバ. CONVテ唄 (Cテ。lice) Foste meu caminho sem regresso em um verso. Minha poesia mais bonita. Entre as estrelas, rabisquei um sテウ desenho, o seu rosto, como eu bem queria. Foste a derradeira flor perdida no deserto. Em meu universo, um farol de guia. Arrancaste o aviso que dizia: 窶弑ma saudade窶. O vazio da idade, preenchias. Foste o colorido de uma tela que eu pintava. A mトバ que segurava o meu filho. O espテュrito de um cテゥtico que chorava. A paz esperada por um homem aturdido. Foste o barco rijo que sustenta a onda em fテコria. O pescador que nada テ procura de si mesmo. Para mim, a mais incrテュvel criatura. A doce loucura do desejo. Foste na verdade, o meu mundo. Hoje, na saudade, apenas テゥs um velho convテゥs com o qual afundo. GRAMATICAL (Cabaz) Sテウ em letras imprimo minha alma. Mais do que texto sou contexto indecifrテ。vel. Meu sinテエnimo テゥ antテエnimo de si mesmo. Um sujeito indefinido que テゥ objeto de um erro gramatical. Entre modos e tempos, triste verbo que ecoa na forma nominal. Oraテァões que sトバ subordinadas aos meus vテュcios de linguagem. Um inテュcio em letras ordenadas e um fim numa expressトバ oral. AFLORA UM POETA (Cabaz) Assim se fez um poeta. Como talhe na madeira esculpi minha poesia. De uma maneira fria infundi minha alma no papel. Nas costas de um corcel cavalguei por entre versos; muitas vezes sem regresso, o poema, me tornei. De um sono despertei enquanto escrevia, da caneta entトバ fluテュa as idテゥias que sonhei. Quem sabe se eu errei? Foram mais de trinta anos, foram tantos desenganos que poeta, me tornei. INGÊNITO (Cabaz) Seguir os passos a um lugar perdido na distテ「ncia; entrar na danテァa de um ritual de acasalamento; sentir nas mトバs o instintivo dom que vem de dentro; ouvir o som de vozes ecoadas; e nas entonaテァões das poesias declamadas, revelar-se poeta. LIAME (Cabaz) Sou livro intitulado. Um desabafo. Sou todo em parte. Um lacre violado. Sou tudo num nada dissipado. テ鋭 flor dissecada na mトバ aberta em palma. テ鋭 colo e calma na casa onde cresci; moeda encontrada que perdi; o berテァo em que nasceu minh'alma.
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