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- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 2010-08-10 | [This text should be read in portugues] | O AGORA DO ONTEM E DO DEPOIS DE AMANHÃ Antônio Carlos Duques Como qualquer cidadão deste vale da sombra da morte em que se transformou nosso planeta, interessei-me desde cedo pelo fenômeno das drogas. Particularmente após as leituras de Huxley no meu curso de filosofia. Presenciei durante décadas, gerações que iam e vinham, usuários, traficantes, terapeutas, autoridades, as vítimas, os vitimadores, e o oceano de indiferentes. Como um fio que perpassa as contas de uma enorme japa-mala, desenvolvi uma visão realista da letargia dos chamados “bons e sadios”, em contraponto com a operacionalidade estratégica dos agentes da entropia. A letargia das autoridades e responsáveis, deriva da letargia da chamada “escola”, que provém da chamada “família”, filhos legítimos da letargia do chamado “cidadão”, melhor dizendo, dos “meios de confinamento”. Nossas escolas parecem ainda atender aos paradigmas do natimorto industrialismo do século XVIII, com suas carcomidas expressões modernas “capitalista” e “socialista”. Não há educação regular para a saúde que possa desmontar desde a criança, os tabus ancestrais patrocinados por igrejas sonhadoras e pelo conservadorismo cego e autofágico, do tipo que motivou explosões populares e da Escola Militar contra vacinas de Osvaldo Cruz no Rio de Janeiro. Então que prospere o risonho fenômeno da AIDS, e o CRACK, a AIDS DAS DROGAS, muitos indiferentes ao próximo e a si mesmos, e todos a todos como se nos transmutássemos numa imensa África planetária. Em entrevistas coloquiais com o chamado “cidadão comum”, constato a prosperidade de mitos vergonhosos, somatório apressado e desatento de informes desarticulados, com a maestria sinfônica do emocionalismo moralista inconseqüente, obscuro e obsoleto. Não há educação ambiental efetiva, onde abundam interesses inconfessáveis do lucro a qualquer custo, robotizando praticamente a todos numa atitude parasita e predatória, enquanto as raposas que dominam as vinhas e o sangue da terra realizam seus festins macabros reflexos do territorialismo geo-político anti-social e anti-civilizatório. Quanto às drogas, tenho presenciado durante as mesmas gerações, uma letargia síntese politico-sócio-ambiental. Atento a indicadores de avaliação, constato nas ideologias mais atraentes dos nossos dias o fundamento, o contra-cenário do populismo e do empreguismo, travestido com os matizes da sustentabilidade e do pensamento holístico. Parece-me que todos, educadores, governantes, terapeutas e líderes sociais navegam numa espécie de feitiço universal, enquanto milhões de vítimas são triturados por enormes dentes, como naquela imagem da forma universal de Krishna, revelada ao seu amigo Arjuna, nos momentos que antecedem a famosa batalha de Kurukshetra. Parafraseando Alvin Toffler e Foucaut, certamente estamos agindo na sociedade de informação com os ditames da sociedade de controle, onde as “liturgias ancestrais” mantém simulacros que revivem o “1984” de Orwel, mantendo-nos confinados a fetiches como o do “sigilo bancário” cenográfico do lema de 1789, enquanto prosperam a corrupção e a lavagem de dinheiro, o crime organizado e o terrorismo, braços sincronizados da mesma hidra mitológica rediviva. Fazendo uma releitura dos tempos, enquanto releio Foucaut, Deleuze e Guatari, vejo no entorno as ondas de um incontrolável oceano que flutua entre a paranóia e a esquizofrenia, como uma moderna recriação dos mundos na respiração de Brahma. Nossos jovens estão sendo sacrificados numa reedição moderna das fogueira medievais, em chamas químicas, e como no conto de Saramargo de uma aldeia florentina onde o sino tocava a morte da justiça, retornamos as nossas palhoças “pós-modernas” ainda de cabeças baixas e embriagados de paralisia. Relembro o relato de um ministro chines ao Imperador que antecedeu a primeira guerra do ópio: “em breve, vosso império estará falido. Quanto tempo ainda vamos permitir este jogo com o diabo? Logo não teremos mais moeda para pagar armas e munição. Pior ainda, não haverá soldados capazes de manejar uma arma porque estarão todos viciados” A Hidra mitológica de Lerna foi destruída por um dos 12 trabalhos de Hércules. Nossa Hidra pós-moderna parece carecer menos de músculos, bravatas e relatórios, e doses maciças de inteligencia e contra-inteligencia, aliadas a um sistema operacional planetário efetivo, no montante do que vem-se desenvolvendo embora impregnado de demagogias nacionais, na preocupação com o clima global. Haverá clima global mais explosivo? Resta-me uma crença modesta, brasileiríssima, formulada pela brasileiríssima Raquel de Queiroz, à que o mundo necessita abrir uma leitura e audição diagnóstica: “precisamos ter a audácia dos canalhas, para melhor detê-los” Ou que desertemos todos da fachada nobre de cidadania protagonista. Não prego o catastrofismo apocalíptico dos mercenários de falsas crenças e ingênuas espectativas, mas a simples transposição conceitual da “singularidade tecnológica” de Kutzweil, para o da “singularidade civilizatória”, e postulados práticos daí derivados. Não escrevo um panfleto caleidoscópio para “gerações futuras”, estas certamente nos condenarão, mas uma pauta de reflexão para o único tempo existente, o agora, do ontem e do depois de amanhã. Será que revivemos uma universal Guerra do Ópio, com uma vitória reservada a “audácia dos canalhas”? |
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